14/08/2023 às 17h09min - Atualizada em 15/08/2023 às 17h28min

Urologista e Uro-oncologista paranaense explica os tratamentos para o Câncer de Próstata

A maioria dos pacientes com câncer da próstata tem o diagnóstico acima dos 60 anos de idade e cerca de 70% apresentam doença inicial de baixo e médio risco

Ricardo Berlitz
https://www.hifu.com.br/
Divulgação| Berlitz Comunicação


Câncer de Próstata
Highlights
 
  • A maioria dos pacientes com câncer da próstata tem o diagnóstico acima dos 60 anos de idade e cerca de 70% apresentam doença inicial de baixo e médio risco;
 
  • Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que entre 2012 e 2022 a participação das pessoas com 60 anos ou mais na população subiu de 11% para 15%, enquanto a parcela daqueles que têm menos de 30 anos recuou de 50% para 43%, no mesmo período.
 
  • No Brasil, sem considerar os tumores de pele não-melanoma, o câncer de próstata é o mais comum em todas as regiões do país, representando 29% dos diagnósticos da doença em relação à população masculina, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca);
 
  • Crescimento da doença entre os mais jovens: em São Paulo, 94% das internações ocorrem entre adultos (55 anos ou mais). Mas um estudo do Observatório Oncológico mostrou que nos últimos anos houve um aumento de 5% no número de novos casos entre homens mais jovens, com idade entre 20 e 49 anos;
 
  • Entre os possíveis fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de próstata estão a idade (de longe o mais importante fator) e a hereditariedade (genética). Ressalta-se que homens de origem afrodescendente podem ter maior probabilidade de desenvolver a doença;
 
  • Homens devem realizar exames preventivos com urologista a partir dos 45/50 anos. No entanto, em alguns casos, a orientação é que a partir dos 40 anos os check-ups sejam realizados, sobretudo para aqueles cuja hereditariedade possa indicar uma probabilidade maior para o câncer de próstata.

Tratamentos
A cirurgia de prostatectomia radical é um procedimento que envolve a remoção completa da próstata, juntamente com as vesículas seminais. É uma opção comum de tratamento para o câncer de próstata localizado, ou seja, quando a doença está confinada à próstata e não se espalhou para além dela. Durante o procedimento, o cirurgião realiza a remoção da próstata através de incisões no abdômen ou por meio de uma abordagem laparoscópica, robótica assistida ou não. Como todo procedimento médico/cirúrgico, há prós e contras.

Outro possível tratamento para o Câncer de Próstata é a técnica HIFU (High-Intensity Focused Ultrasound; em português, Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade), uma opção não invasiva que utiliza ondas sonoras de alta intensidade para eliminar com mais precisão o câncer da próstata.

O HIFU é realizado por meio de um aparelho que emite feixes de ultrassom focados, os quais aquecem e destroem as células cancerígenas. Esse tratamento é geralmente indicado para tumores de próstata em estágio inicial, localizado (de baixo, médio e até mesmo alto risco), primário ou recidivado.

É mais vantajoso por alguns aspectos: menos invasivo (portanto mais seguro), praticamente sem riscos de transfusão sanguínea e de complicações cardiovasculares (aliás, são praticamente inexistentes), menor tempo de internação (geralmente, de 12 a 24 horas) e apresenta poucos efeitos colaterais, como incontinência urinária e disfunção erétil (sendo 0 a 2% para incontinência urinária e de 5 a 26% para disfunção erétil).

Importante ressaltar ainda a baixíssima taxa de mortalidade relacionada ao câncer e o alto índice de sobrevida livre de metástases após 10 anos, com taxas aceitáveis de morbidade. Vale destacar ainda que o HIFU tem excelentes resultados, na prática clínica e descritos na literatura, observando-se o tripé: a) resultado oncológico b) continência urinária c) função erétil.

Cirurgia e HIFU
Tanto a prostatectomia radical quanto o HIFU têm seus benefícios e efeitos colaterais específicos. A prostatectomia radical tem a vantagem de remover completamente a próstata e fornecer uma amostra do tecido prostático para análise patológica. No entanto, é um procedimento invasivo que pode levar a complicações, como incontinência urinária e disfunção erétil. A mortalidade do procedimento é estimada em 0,5 a 1% dos casos.

O HIFU, por sua vez, é um procedimento não invasivo, o que significa que não requer incisões, pois utiliza a via natural (retal) para aproximar o equipamento de seu alvo, a próstata. Possui um tempo de recuperação em ambiente hospitalar mais curto, se comparado com a cirurgia. No entanto, podem ocorrer efeitos colaterais transitórios, como dificuldade para urinar. A incontinência urinária e a disfunção erétil são muito menos frequentes, quando comparados aos demais procedimentos.

Probabilidades
A probabilidade de cura do câncer de próstata sempre dependerá de vários fatores, principalmente o estágio da doença no momento do diagnóstico, o tipo de câncer (células e sua graduação, denominado grau de Gleason) e o estado geral de saúde do paciente. Não é possível fornecer uma probabilidade precisa sem conhecer esses detalhes específicos.

Em alguns casos, o tratamento do câncer pode resultar em cura completa, o que significa que não há evidências (de células cancerígenas) remanescentes da doença. No entanto, pode haver recorrência da doença após o tratamento inicial.

“Cada paciente e cada caso de câncer é único, e a resposta ao tratamento varia de pessoa para pessoa. A premissa sempre é manter o diálogo permanente entre médico, paciente e familiares. Além disso, avanços contínuos na pesquisa e no desenvolvimento de terapias estão melhorando as taxas de cura e prolongando a sobrevida”, ressalta o urologista Marcelo Bendhack.

Para obter informações mais precisas sobre a probabilidade de cura em um caso específico, é essencial consultar um médico especialista, como um urologista dedicado ao tema ou um oncologista, para avaliar o quadro clínico individual, e considerar os fatores relevantes e fornecer uma estimativa mais precisa.

Sempre os resultados advêm da incessante prática clínica e hospitalar, do conhecimento e da experiência em avaliar o paciente (diagnóstico) e em determinar a melhor abordagem de tratamento e procedimento, seja cirúrgico, como a prostatectomia radical, seja por meio de outras técnicas mais modernas, como o HIFU.

Dados gerais sobre os tratamentos:
  1. No HIFU, a mortalidade do tratamento foi nula (0%), com capacidade elevada de cura de doença, quando localizada. Este fator depende do plano de aplicação (total ou parcial) e deve ser extensamente discutido com o paciente antes do tratamento;
 
  1. possibilidade de reaplicação: estudos demonstram que, em casos de a aplicação inicial ser parcial, eventualmente a segunda aplicação com HIFU proporciona resultados semelhantes à cirurgia radical;
 
  1. possibilidade de terapia de salvamento com reaplicação do HIFU, cirurgia ou radioterapia;
 
  1. Efeitos colaterais: com a técnica HIFU, são baixos os índices de disfunção erétil: de 5% (quando a aplicação é focal) até 26% (aplicação total). As respostas aos medicamentos por via oral (Sildenafila, Tadalafila, entre outros) é bastante elevada e eficiente. Os índices de incontinência urinária são próximos da nulidade (0 a 2%);

Países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Japão e Canadá já utilizam o HIFU amplamente, com regulamentação adequada pelos seus órgãos de controle de qualidade na saúde (FDA nos Estados Unidos, Ministério da Saúde no Japão, entre outros). No Brasil, o HIFU tem aprovação da Anvisa.

“Como em toda a medicina, as discussões de alto nível em congressos nacionais e internacionais, devem ser estimuladas. As terapias representam ferramentas do arsenal de opções que nossos pacientes merecem. Por isso, acredito que podemos melhorar a qualidade de assistência médica uro-oncológica aos pacientes”, diz o urologista e uro-oncologista Marcelo Bendhack, atual Presidente da Sociedade Latino-Americana de Uro-oncologia (UROLA).

*Em uma publicação de junho de 2021, realizada por Taimur T. Shah e colaboradores¹ ², que estudaram a terapia focal (TF) comparada à prostatectomia radical (PR) para câncer da próstata não metastático, os autores concluiram que, em pacientes com câncer de próstata de grau intermediário ou baixo não metastático, os resultados oncológicos ao longo de 8 anos foram semelhantes entre a terapia focal (HIFU) e a prostatectomia radical (Cirurgia).

Publicações:
¹ Prostate Cancer Prostatic Dis. 2021 Jun; 24(2): 567-574. doi: 10.1038/s41391-020-00315-y.Epub 2021 Jan 28.
https://www.nature.com/articles/s41391-020-00315-y

² Focal therapy compared to radical prostatectomy for non-metastatic prostate cancer: a propensity score-matched study
https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33504940

 

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