28/09/2023 às 16h46min - Atualizada em 29/09/2023 às 00h02min

Compreensão de como o câncer se desenvolve nas células pode levar a novas terapias

Cientistas de várias universidades concluíram uma análise das proteínas que impulsionam o câncer em alguns tipos de tumores

Nice Castro
divulgação


O sequenciamento completo do DNA humano, que ocorreu recentemente abriu uma nova janela para a compreensão e o tratamento do câncer. Esse conhecimento mostrou que o câncer se desenvolve a partir de alterações genéticas – hereditárias ou adquiridas - que levam à multiplicação desordenada das células e à consequente formação de tumores. A partir desse avanço, foi possível identificar os alvos para o tratamento (marcadores tumorais), levando ao desenvolvimento de novas drogas – ou à chamada medicina de precisão.

 

Agora, um novo estudo, intitulado Clinical Proteomic Tumor Analysis Consortium, pode abrir outra frente de pesquisas. Cientistas de várias universidades concluíram uma análise profunda das proteínas que impulsionam o câncer em vários tipos de tumores. Tais informações não podem ser avaliadas apenas pelo sequenciamento do genoma. “Compreender como as proteínas operam nas células cancerígenas aumenta a perspectiva de novas terapias que teriam como foco bloquear essas proteínas ou desencadear respostas imunológicas a proteínas criadas por células cancerosas”, diz o oncologista Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas e da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC).

 

Liderado pela Washington University School of Medicine em St. Louis, o Broad Institute of MIT e Harvard, a Brigham Young University e outras instituições ao redor do mundo, o estudo investiga as principais proteínas que conduzem ao câncer e como elas são reguladas. As descobertas foram publicadas em agosto nas revistas Cell e Cancer Cell. "Em nossos esforços para desenvolver melhores terapias contra o câncer, essa nova análise das proteínas que impulsionam o crescimento do tumor é a próxima etapa após o sequenciamento do genoma do câncer", disse o autor sênior Li Ding, Li Ding, PhD e professor de Medicina na Washington University. "Por meio de nosso trabalho anterior de sequenciamento dos genomas das células cancerosas, identificamos quase 300 genes que impulsionam o câncer. Agora, estamos estudando os detalhes do maquinário que esses genes do câncer colocam em movimento - as proteínas e suas redes reguladoras que realmente fazem o trabalho de causar a divisão celular descontrolada”

 

Os pesquisadores analisaram cerca de dez mil proteínas envolvidas em dez tipos diferentes de câncer. Ding enfatizou a importância do grande volume de dados nesse tipo de anális. Muitas dessas importantes proteínas causadoras de câncer são raras em qualquer tipo de câncer e não poderiam ter sido identificadas se os tipos de tumor tivessem sido estudados individualmente. A análise incluiu dois tipos diferentes de câncer de pulmão, bem como cânceres colorretal, de ovário, de rim, de cabeça e pescoço, de útero, de pâncreas, de mama e de cérebro.

 

"Muitas dessas proteínas que causam câncer são encontradas em vários tipos de tumores, mas em baixa frequência", disse Ding. "Quando analisamos vários tipos de câncer juntos, aumentamos o poder de detectar proteínas importantes que estão causando o crescimento e a disseminação do câncer. Uma análise combinada também nos permite identificar os principais mecanismos comuns que impulsionam os cânceres em todos os tipos."

 

A pesquisa também lançou luz sobre a eficácia das imunoterapias. Essas geralmente funcionam melhor em cânceres com muitas mutações, mas, mesmo assim, não funcionam em todos os pacientes. Os pesquisadores descobriram que o grande número de mutações nem sempre resulta em uma abundância de proteínas anormais, que é o alvo do sistema imunológico ao atacar um tumor. Isso pode ser uma explicação para o fato de alguns pacientes não responderem à imunoterapia. “Essa nova frente de estudos pode ajudar a esclarecer muitas dúvidas que ainda pairam sobre como o câncer se desenvolve e porque alguns pacientes não responde a tratamentos”, conclui Carlos Gil Ferreira.

 


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